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Carlos Chagas

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas, mais conhecido como Carlos Chagas, foi um dos mais importantes cientistas brasileiros. Sua trajetória, juntamente com a de Oswaldo Cruz, se confunde com os primeiros anos de atuação do Instituto de Manguinhos, mais tarde conhecido como Instituto Oswaldo Cruz.

A partir do período de seu curso médico passou a conviver com Oswaldo Cruz e demais cientistas de Manguinhos e ali gestou a sua tese sobre a malária denominada "Estudo Hematológico do Impaludismo", concluída em 1903 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Logo após formado, Chagas começou a participar de atividades de campo, as chamadas “expedições”. Essas expedições científicas procuravam estudar o saneamento de áreas do interior do país e combater males que assolavam as populações locais e que, igualmente, afetavam o meio econômico. As doenças que assolavam os sertões e as cidades eram, também, um obstáculo para crescimento do país. Nesse sentido, Chagas atuou, inicialmente, em Itatinga, interior paulistano, no ano de 1905, na primeira campanha anti-palúdica do país, estudando uma epidemia de malária que atacava os operários que construíam uma central hidrelétrica, destinada a abastecer o porto de Santos.

Devido ao sucesso de sua empreitada, em 1907 foi enviado para Lassance, Minas Gerais, onde estava sendo construída uma estrada de ferro. Estudando profundamente a região, os trabalhadores e os habitantes, Carlos Chagas descobriu um novo parasita, que nomeou de Trypanosoma cruzi, transmitido através do inseto conhecido como “barbeiro”. O parasito, entre outras manifestações, tinha predileção por se alojar no coração, tornando-o avantajado e dando-lhe aspecto de um coração de boi.

Outra expedição importante na trajetória de Carlos Chagas foi a expedição científica de 1912-1913 aos grandes rios da bacia do Amazonas. A expedição, composta de Chagas, e dos cientistas Pacheco Leão, João Pedroso Barreto de Albuquerque e um fotógrafo, atravessou os rios Solimões, Juruá, Purus, Acre, Iaco, Negro e o parte do Rio Branco. Os colegas de chagas eram profissionais eminentes no Rio de Janeiro – Pacheco Leão era à época Secretário Geral de Saúde Pública do Rio de Janeiro e João Pedroso era professor da Faculdade de Medicina –, o que revela o prestígio envolvido na seleção da equipe. O objetivo dessa missão científica era produzir um minucioso relatório sobre as condições de vida e a salubridade destas áreas. Diferindo das missões anteriores de Chagas, essa expedição não focou em atacar uma doença específica, mas em mostrar as condições sanitárias gerais das populações. O ápice da expedição se deu na cidade de Senna Madureira, local estratégico no ciclo da borracha, divisa do Território do Acre e do Estado do Amazonas. A região que vivia muitas dificuldades sanitárias e epidemias diversas, aos poucos, foi sendo higienizada. O Relatório de Carlos Chagas teve papel decisivo, também, em apontar a falta de assistência médica e de medicamentos nos municípios. Segundo Chagas, a “riqueza, trazida pelos resultados de uma indústria extrativa, só depende do trabalho humano” assim, para ele, era fundamental a preservação da saúde das pessoas que atuavam naquela atividade.

Referências:

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. CASA DE OSWALDO CRUZ. A ciência a caminho da roça: imagens das expedições científicas do Instituto Oswaldo Cruz ao interior do Brasil entre 1911 e 1913 [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1992.

KROPF, Simone Petraglia. Doença de Chagas, doença do Brasil: ciência, saúde e nação (1909-1962). Tese (Doutorado em História Social). Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2006.

VITAL, André Vasques. Política e Saúde Pública no cativeiro dos rios: a integração nacional do território federal do Acre (Alto Purus, 1904-1920). Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) – Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2016.

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